quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Engenhazo!!! EU ACREDITO


Como DEUS EXISTE E ELE É Corinthiano, vcs vão presenciar uma nova edição Maracanazo 60 anos depois, O Guarani vai arrancar um empate heróico no Engenhão dia 5.

Time do Guarani em 2010 com 1 milhão para ratear no elenco.

Escalação do Guarani em 2011 na segunda divisão:
Bobadilha, Renato, Thiago Heleno e Leandro Castan
Boquita, Moraes, Moacir, Dodô e Willian Moraes
Souza e Taubaté

EU ACREDITO

Segue um texto legal para florear...
Deus não joga dados

Palmeirense, doutor em Ciências Sociais e professor de Sociologia da Religião na PUC de São Paulo, Edin Sued Abumanssur relaciona em seu artigo a religião, a fé e o futebol.
Edin Sued Abumanssur


Foi isso que disse Einstein a respeito da impossibilidade de se determinar todos os eventos físicos do universo. E mais uma vez, Einstein estava certo. O que ele não disse, ou não sabia, é que Deus joga futebol ou pelo menos gosta de futebol. Ele é um grande peladeiro. Isso está mais que evidente. Senão como explicar aquelas bolas chutadas pelo Roberto Carlos que, contra todas as probabilidades, fazem uma curva e entram no gol?

Na Argentina é mais que sabido que Deus joga futebol. A diferença é que lá eles dão o nome de Maradona para o deus deles. Maradona, o segundo maior craque do mundo, afirmou que, naquele jogo contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 86, foi a mão de Deus que pôs a bola para dentro do gol. Obviamente, quando ele diz que foi a mão de Deus, ele estava se referindo a si próprio. O Maradona inclusive já tem uma igreja e uma legião de fiéis: a “Iglesia Maradoniana”. É isso mesmo, podem procurar na internet. Nossos hermanos criaram uma nova religião cujo Deus é o Maradona.

Mas fora da Argentina Deus é outro. E convenhamos que não dá para aceitar que tenha sido o “nosso” Deus, o verdadeiro aliás, quem tenha empurrado aquela bola com a mão. A primeira coisa que isso nos levaria a pensar é que Deus é argentino. O que não é verdade, pois até o Obama acha que “o Cara” é brasileiro. E também temos um segundo problema: se aceitarmos que foi a mão de Deus que empurrou aquela bola, então lançaríamos dúvidas sobre a lisura divina no trato da pelota. Que Ele faça a bola chutada pelo Roberto Carlos fazer uma curva e entrar no gol tudo bem, pois neste caso violou apenas as leis da física. Mas enfiar a mão de gato e empurrar a bola para dentro do gol inglês é violação das leis morais. Deus pode violar as leis da física se quiser, pois foi Ele mesmo quem as criou, mas violar as leis morais, criadas por nós, não dá. Se Ele quiser jogar bola tem de respeitar as nossas leis.

Deus sempre esteve presente em campo. Há lances e jogadas que são compreensíveis apenas com a invocação de uma força sobrenatural que atuou no momento certo. São verdadeiros milagres. E, muitas vezes, o milagre é a explicação mais racional para o que acontece em campo. E não é somente a coisa mais racional como também, quase sempre, é a coisa mais esperada por qualquer torcedor. Quem ainda tem a coragem de se lembrar da Copa de 90 com certeza tem também vivo na memória o sentimento da espera de um milagre que não veio. Quanta decepção, quanta frustração. Religião também é feita desses sentimentos.

Futebol sem religião é assim como o Claudinho sem o Buchecha. Na verdade, a religião é onipresente no universo futebolístico. Desde a imagem do santo entronizado em um canto do vestiário até as manifestações de fé dos Atletas de Cristo, passando pelos orixás da umbanda e do candomblé, pelos rituais privados de cada jogador que entra em campo, pelos gestos mágicos dos goleiros na hora do pênalti. Em tudo isso vemos expressões da fé religiosa.

O budismo também se faz presente em campo. Tenho claro ainda em minha alma o confronto entre Palmeiras e São Paulo, em 16 de março de 2008, em Ribeirão Preto. O verdão enfiou 4 gols no São Paulo. Foi divino. E o São Paulo? Bem, o São Paulo fazia meditação em campo. Era um time zen-budista.

A religião está para o futebol na mesma proporção da azeitona para a empada. Obviamente dá para comer uma empada sem azeitona, mas aquela azeitoninha... Ah! Ela faz diferença. E se alguma coisa no jogo der errado sempre será possível culpar a azeitoninha.

O conúbio entre futebol e religião é coisa séria. Quem não se lembra do dia 23 de abril de 2008? Numa procissão no Parque São Jorge, a imagem do santo padroeiro do Corinthians se espatifou no chão. Eu fiquei compungido pelos corintianos. Sério, fiquei mesmo. Eu sei que com essas coisas de santo não se brinca. Imaginei vários cenários futuros para o Corinthians. Achei até que ele iria parar na 3ª divisão. Mas uma amiga minha, que não entende nicas de futebol, mas sabe tudo dessas coisas misteriosas, me disse que, talvez, o que faltava para o Corinthians era isso mesmo e, quem sabe, seria ali o momento da virada do time. Caramba! E não é que ele terminou como campeão da 2ª divisão? Igual ao Palmeiras. E quem pode garantir que não foi o São Jorge, que com medo do que os corintianos fariam com ele, se armou em brios e fez o seu trabalho? O Santo Antônio também funciona assim. Se ele não arranja um marido para sua filha, você o emborca na privada e o deixa lá. Até que sua filha consiga um noivo. Na roça, o povo costuma trocar os santos de lugar para ver se eles tomam vergonha e fazem cair a chuva necessária para a lavoura. Hoje eu estou convencido de que o São Jorge não caiu. Na verdade ele foi derrubado.

Futebol é um campo fértil para as manifestações de fé. Isso porque a religião é a resposta mais óbvia diante das incertezas e imponderabilidades de uma partida. Houve época em que religião era uma forma de atribuir sentido à vida, um jeito de por ordem no caos. Mas hoje a religião desempenha outro papel prioritário: ela é uma forma de controle das incertezas. Essa é a religião oferecida pela maioria das igrejas pentecostais. E tem muita gente interessada nesse tipo de religião. No estádio, produtores e consumidores de futebol estão ávidos por isso.

Outra forma de abordagem dessa temática é entender o próprio futebol como uma manifestação religiosa. Segundo uma corrente da sociologia, a religião é um conjunto de ritos capaz de criar uma identidade e um sentimento de irmandade em um determinado conjunto social: um clã, uma nação, um povo. Bem, me parece que o futebol é capaz de fazer isso com maestria. Vejam as torcidas de cada time: são verdadeiras seitas com seus gritos de guerra, seus inimigos, suas divindades. Qualquer palmeirense entende do que estamos falando quando invocamos o nome de Ademir da Guia, o Divino. Algumas dessas seitas são tão ou mais fundamentalistas do que as religiões que conhecemos. Vejam também o poder que a seleção brasileira tem de fazer o País parar em época de Copa do Mundo. E o orgulho de estufar o peito diante de um alemão, ou outro europeu qualquer, e dizer: eu sou brasileiro e estou doido para pegar o seu time em campo. E ver o pavor nos olhos do cara. Futebol não é apenas uma metáfora de religião. Ele é uma religião.

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