O Corinthians e a ordem natural das coisas

O ser humano é assim. Precisa de segurança. Precisa conhecer o chão onde pisa.

Desde a primeira infância, o bebê aprende os segredos da rotina e isso trás segurança. Ele sabe que pode ficar sozinho no berço porque os pais existem fora dele e aparecem ao primeiro choro. Aprendemos que o dia surge depois da noite e que as tempestades passam.

Imagine viver num mundo em não sabemos a duração do dia e da noite, ou em que as estações do ano não são previsíveis. A agricultura seria inviável, nossa vida seria o caos.

Num país como o nosso, sabemos que o dinheiro que depositamos no banco não desaparece e respeitamos os semáforos. Podemos confiar no sistema e isso nos dá segurança.

Esse é o motivo pelo qual as torcidas todas, com excessão dos corintianos, comemoram tanto os constantes fracassos do timão na Libertadores.

Um título Corinthians na maior competição sul-americana representaria uma assustadora quebra na ordem natural das coisas, e isso dá muito medo.

Seria como nevar em São Paulo, ou ver o William Bonner apresentando o jornal do SBT. Seria uma quebra tão grande em nossas rotinas, na nossa forma de ver o mundo, que poderia mudar o que somos para sempre.

É claro que algumas quebras de paradigma são aceitáveis e muito necessárias, mas contamos com o sacrifício dos fiéis torcedores para manter o equilíbrio do planeta. Assim, não nos resta mais que agradecer: Obrigado Corinthians, por tornar nossas vidas possíveis, preservando o mundo no seu devido lugar.